Flávio Ricco, o homofóbico?

Há quase cinco anos li numa coluna de Flávio Ricco, que hoje está no UOL, a seguinte nota:

“A Globo é conhecida nesse tipo de coisa. A escolha do filme “Brokeback Mountain”, exibido no “Supercine” do último sábado não foi em vão. Simples obra do acaso. O que aconteceu ali, depois de vários ameaços no passado, foi mais uma forma de preparar o espírito do público presente e talvez autoridades, inclusive da Igreja – católica ou não, para um provável e breve beijo gay nas suas novelas. Forçação de barra. Nada contra, mas poderiam encontrar alguma coisa melhor e mais interessante. O filme, como história e realização, é uma coisa pavorosa. Ananás da pior espécie. Mas certamente atendeu o que dele se esperava, como boi de piranha da hora.”

Achei estranho um crítico de televisão, acostumado a ver as coisas mais trash possíveis, achar que Brokeback Mountain é uma coisa “pavorosa”, como história e realização, e que foi escolhido só pra preparar terreno pra um beijo gay nas novelas (beijo esse que não houve até hoje). Claro, tá no direito dele de achar o filme ruim. Mas achei estranho e fui procurar saber.

Achei uma outra nota anterior a essa. Dizia que Glória Perez, meses depois do fim de América, continuava reclamando que a Globo tinha cortado o beijo que o personagem de Bruno Gagliasso dava no namorado no último capítulo da novela. Flávio Ricco: “a lamentação e inconformismo da Glória surpreendem. Primeiro que está espichando essa história demais e outra que, nós, como ela mesma diz, não temos nada com isso. Se ainda é um assunto mal resolvido, melhor se entender com a Globo. Nos exclua fora dessa”.

Mês passado, a confirmação do que eu já suspeitava: Flávio Ricco realmente tem problemas com qualquer coisa que fuja da heteronormatividade. Na coluna de 10 de dezembro:

“Talvez um bom terapeuta possa explicar melhor este desejo da Daniela Mercury em beijar Malu Verçosa em público. Uma coisa que virou uma mania, confessada pela própria Malu.
Qual será a necessidade disso? Ontem, o que aconteceu, mais um desses beijos durante o programa da Fátima, passou como uma coisa extremamente forçada. Desnecessária.”

Finalmente, anteontem, a cereja do bolo:

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“Mais uma vez, uma novela das 7 da Globo, como tantas outras que a antecederam, terá um homem fazendo papel de mulher. Função, mais uma vez, destinada ao Luís Miranda, mas agora com direito a operação para mudança de sexo.

Qual é a graça, necessidade ou beleza em se insistir com homem vestido de mulher em novela? Vira e mexe, e alguém vem com isso. Será que o Freud explica? Pior é que, na maioria dos casos, é sempre uma coisa feia de se ver. Mas fazer o quê? Parece que os autores têm fixação por isso.”

Parece que a peregrinação de Laerte por todos os talk shows não adiantou de nada.

4 respostas em “Flávio Ricco, o homofóbico?

  1. Eu lembro muitíssimo dessa coluna do BrockeBack, na época mandei e-mail pra ele reclamando sobre a forma como ele tinha escrito (extremamente homofóbica) e ele disse que não era. Que era apenas uma opinião.

    Tempos depois peguei uma outra parte da coluna dele, de novo com tom de deboche com os gays, mandei o e-mail e ele não mais me respondeu. Hoje em dia eu não o leio mais. Ainda bem que dá pra fazer isso na internet…

    E oq esperar do UOL que faz parte do grupo folha, que voltou a tratar a homossexualidade de “homossexualismo” em seus textos?

    • Eu também escrevi e-mail pra ele sobre essa coluna do Brokeback, mas ele não me respondeu. Sobre a Folha, ainda essa semana tascou um “traficante aidético” no título de uma matéria sobre um filme. O uso de “aidético” a própria Folha condenava (fez uma matéria metendo o pau num ministro que usou) e o personagem do filme não era traficante…
      Eu continuo lendo. Tanto por guilty pleasure quanto pra denunciar, escrever pra ombudsman, o escambau. Algum dia surte efeito…

      • Eu tb continuo lendo, sou até assinante da Folha (e viciado, entro no site pelo menos 10x por dia…). Se a imprensa só escrevesse sobre coisas que eu gosto/concordo, eu acho que aprenderia menos…

        Tá, eu tb sei que isso n justifica ela agir da forma que age em alguns momentos, mas enfim, né? 🙂

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